Não sei quantas almas tenho
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é
Atento ao que eu sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: "Fui eu"?
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
sexta-feira, janeiro 08, 2010
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Maria Tereza,
ResponderEliminartão bom navegar e descobrir seu espaço Naif...
Sua alma circula pelas paisagens humanas
e seres afins de toda a natureza...
Me encanta sua simplicidade e beleza...
Ela me ensina...
Com todo meu carinho...
Gaiô. (Cida Gaiofatto)